sexta-feira, 30 de maio de 2008


Sobre a paisagem o olhar, irrequieto, dançava ao ritmo da azáfama do ir e vir dos que por mim passavam. Sobre a mesa, os dedos brincavam com uma chávena de café, ocultando o nervoso miudinho das mãos suadas.

Numa espera que parecia eterna, nem a certeza de te saber chegar apaziguava a ansiedade no peito. E um sorriso, de quem sorri de si própria, pelo aparente despropósito deste crescendo sentir, inexplicável à razão, escondia-se por detrás das mãos que te aguardavam, desconhecendo o que estava para vir.

Chegaste, finalmente. Com o mesmo sorriso de sempre. O mesmo que um dia, sem te conhecer, me encheu o peito de calor e aqueceu a alma. O mesmo que tinha pregado na memória da noite em que te vi, pela primeira vez. Sorri e abracei-te a medo, como se pudesse denunciar o corrupio que me ia por dentro.

Ahhh… o teu abraço…

O café não chegava (sorrio, recordo-me agora que nunca o chegamos a pedir) e, com as mãos sobre a mesa, unidas em carícias que foram para além da pele, fomos ficando. Falámos de ti, de mim, de tudo e de nada e, enquanto os teus dedos brincavam com os meus, fui sorvendo os carinhos, retendo na pele e no peito todo o calor que deles emanavam. Saberás tu o alcance da ternura, do calor das tuas mãos?! Sabes! Sei que sim! Sabes que me levaste contigo, que me sentaste ao teu lado na cauda de um raio de sol e me deste a saber como era tocar o azul do céu.

Ahhh… as tuas mãos…

Entrelaço os dedos, procuro nos vincos traçados da pele o teu calor, o teu cheiro.
Fecho os olhos, um arrepio escorrega por mim e uma saudade IMENSA invade de rompão o peito sem bater, nem pedir licença. A falta que me fazem as tuas mãos. A falta que me faz o teu calor!

O olhar varre a paisagem.
Sorrio… e murmuro para dentro: Gostava de te ver chegar de novo aqui…

segunda-feira, 5 de maio de 2008


Tenho-te em mim…
Colado às paredes do meu ser,
Derramado em todos os recantos do meu sentir
Absorto em mim

Tão dentro de mim…
Nos caminhos da minha alma,
Em cada esquina da minha pele,
Nas ruelas onde ninguém me conhece,
Apenas TU

Tão dentro de mim…
Que és luz no meu olhar, sonho nos meus sonhos,
Ar que respiro, sombra da minha sombra
Corpo no meu corpo, passos nos meus passos,
Porque comigo te moves…

Tão dentro de mim…
Que de te pensar o peito se ergue,
E sinto o quente da tua mão que sossega o ansiar.
E se sorrio,
É porque te vejo nesse instante
E se sinto calor nas mãos,
É porque os teus dedos se passeiam nos meus
E se o corpo se aninha e alma aquieta,
É porque me abraças
E se pareço perdida em pensamentos,
É porque sorvo as palavras que me sussurras
E se o meu rosto se inclina,
É porque a tua mão o ampara
E se a minha mão se abre,
É porque a tua recebe

Tão dentro de mim…
Que se fechar os olhos te vejo aqui,
De pé ao meu lado
O teu olhar no meu,
A tua mão na minha,
O teu sorriso no meu,
E o teu respirar,
Tão perto
Que estremece este meu ser
Onde estamos os dois…

Que parte de ti te falta?!
Porque tenho-te em mim…